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quinta-feira, 2 de abril de 2020

ENSINO A DISTÂNCIA #PANDEMIA


PANDEMIA E ENSINO A DISTÂNCIA (EAD) PARA ESCOLAS PÚBLICAS/PRIVADAS


Você viu alguma organização de professores fazer campanha para colocar todos os professores das escolas públicas trabalhando a distância, com mediação da tecnologia, em prol da educação dos seus filhos? Não viu e nem verá! Nós, pais de alunos, precisamos lutar por esse direito para salvar o ano letivo de 2020 e não prejudicar o de 2021!

Foi a ASSOCIAÇÃO DE PAIS E ALUNOS e o SINEPE que lutaram por esse direito para os estudantes das escolas públicas e privadas, junto ao Governo/Conselho de Educação - CEDF. Acesse aqui o Parecer nº 33/2020 do CEDF (shorturl.at/uBLY5).


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Em primeiro lugar, cabe ressaltar que não estamos fazendo apologia ao EAD. Por mais que tenhamos excelente tecnologia à nossa disposição, nada substitui uma aula presencial e o calor humano no dia a dia que só o ambiente escolar proporciona, principalmente nessa fase da vida dos estudantes. Entretanto, diante dessa tragédia que estamos vivendo, o EAD é a solução ideal para sobrevivermos alguns meses e diminuirmos o déficit de aulas para serem repostas.

VAMOS DEIXAR O VITIMISMO À PARTE!

Ouvimos algumas críticas de pessoas dizendo que os alunos mais vulneráveis socialmente não têm acesso ao uso de tecnologia e ficarão prejudicados! Argumentos dos mais variados, inclusive, que professores teriam que ter aulas para aprenderem a lecionar a distância, bem como pais orientados, algo que não dá tempo para se fazer.

Realmente ouvimos muito os educadores falarem nas sessões do CEDF e em outras esta frase: “é no chão da escolas que se aprende a lecionar.” Inclusive existe um projeto de universidade para o magistério que colocarão os alunos, desde o primeiro semestre, dentro das salas de aula, na modalidade de PBL (aprendizado baseado em problema).

Ora, se é assim, cunhamos nossa expressão, em tempos de EAD: É nas nuvens da internet que se aprende a dar aula a distância! Então vamos tentar desmistificar essa questão:

Quanto aos alunos e à acessibilidade do uso de tecnologia para EAD:

1)    A imensa maioria das crianças e adolescentes usa e abusa do uso das tecnologias, mas pra estudar não dá?
2)    Dificilmente existe um estudante que não tenha à disposição um celular com acesso à internet, próprio ou de seus pais.
3)    Nossos estudantes passam horas a fio assistindo vídeos, de somenos importância para sua formação, no youtube, por exemplo, e são inscritos em diversos canais. Essa realidade é de fácil constatação, basta abrirmos um perfil e veremos seus seguidores e a classe social em que estão inseridos.
4)    Boa parte de nossos estudantes tem facebook, instagram e outras mídias. Ficam horas e horas jogando e expostos a sites perigosos.

Resumindo, nossos alunos de todas as classes sociais estão prontos para receberem aulas pelos mesmos canais que se divertem, basta interesse e a cobrança e vigilância dos pais. Muitas pessoas de classes menos abastadas às vezes mal têm o que comer, mas têm, no mínimo, um celular com internet, uma TV e até smart TV que dá para espelhar seu celular e assistirem às aulas!

Quanto ao preparo dos professores e pais:

1)    Os professores estão preparadíssimos para ministrar aulas a distancia. Muitos já têm contas no youtube e têm aulas gravadas e sabem como fazer. Se não têm, estão acostumados a fazer vídeos informais;
2)    Todos, professores e pais e alunos, já estão familiarizados há anos com o uso de tecnologia!
3)    Para os pais a questão não é tão complicada, basta ter apoio da escola e professores e colocar seus filhos na rotina. Isso certamente ajudará a prevenir depressão e tempo ocioso demais, o que traz angústia.
4)    Os pais podem também buscar orientação com pessoas e em sites sobre a prática do homeschooling, ensino domiciliar para dicas de como acompanhar os estudos mediados pela internet. Esses pais experientes estão ajudando os pais de alunos até em países como os EUA, durante a pandemia.

Não há desculpa para não tirarmos proveito da EAD. Todos nós, inclusive idosos, estamos preparados para o uso da tecnologia. Afinal de contas, estamos em “guerra” e numa situação de pandemia, algo inesperado, não tivemos tempo para nos preparar e nem teremos. Temos que improvisar e ajudar os estudantes da melhor forma possível e ferramenta é o que não falta para isso.

MUITAS ESCOLAS ENROLADAS COM O EAD

É óbvio que, quando tivemos a intenção de provocar o CEDF para socorrer o ano letivo, sabíamos dos desafios e a necessidade de um tempo bem curto para que os professores, escolas e alunos pudessem adaptar-se a essa nova realidade. Enquanto nas escolas públicas os professores estão de braços cruzados, estamos observando escolas privadas, de primeira linha, batendo a cabeça com o uso da tecnologia para ensino a distância.

As ideias são bem intencionadas, mas algumas estão prejudicando o acesso dos alunos às aulas. São problemas dos mais variados:

1)    Obrigatoriedade de entrar no site da escola na hora marcada. Existem formas de aferir o comparecimento do estudante às aulas sem a necessidade de impor um horário rígido.
2)     Sites que não suportam o número de acessos simultâneos e os alunos ficam horas tentando logar e perdem a aula ou parte da aula.
3)    As escolas não estão levando em consideração que, às vezes, a residência tem apenas um computador que é dividido entre os pais e filhos.
4)    Uso de plataformas ultrapassadas e instáveis como o Moodle.
5)    Terceirização de aulas por outros institutos de EAD e não pelos próprios professores dos alunos.
6)    Poucas aulas e às vezes apenas uma aula com duração de 15 minutos.
7)    Falta de monitoria para tirar dúvidas.
8)    Falta de deveres de casa para fixar o conteúdo programático e mecanismos para averiguação das tarefas cumpridas.
9)    Excessos de direcionamentos para links de outros sites que não da escola.
10)          Aulas ao vivo e lives. Isso não tem sido bem aproveitado em virtude da instabilidade da rede e, se o aluno chegar atrasado ou tiver problema com a conexão da internet, perde a aula. Ademais, a ocorrência de instabilidade da internet e de provedores só vai se agravar, pois com o home office, somados aos milhares de acessos dos estudantes, haverá sobrecarga.



INICIATIVAS DE ESCOLAS QUE OS PAIS TÊM APOIADO

Temos observado iniciativas bem sucedidas e até simples que estão utilizando um bom tempo dos alunos com aulas ministradas e deixam pouco a desejar com relação às aulas presenciais. Não direi o nome das escolas por questões éticas. Os alunos estão ocupados durante a manhã toda como se estivessem na escola, mas não têm obrigatoriedade de estarem logados todos ao mesmo tempo. Podem assistir às aulas, que são gravadas por seus professores, a qualquer momento.

As aulas têm a duração de 20 a 30 minutos. Você pode dizer que isso é muito pouco! A aula deve ter duração de 50 minutos! Não é bem assim. Uma das escolas está disponibilizando seis vídeos de aulas por dia e fez um cronograma por disciplinas. Existem muitas escolas que, por diversos fatores, não conseguem dar uma aula presencial de 30 minutos com qualidade!

Uma aula de 20 a 30 minutos rende cerca de 1h ou mais de visualização, pois os alunos param o vídeo o tempo todo para escreverem ou repetirem a fala do professor. Vários professores que escrevem slides e apenas a sua voz aparece explicando, e o aluno faz a anotação. Não é interessante os alunos fotografarem os slides, pois está provado que copiar, como ocorre na escola, faz toda diferença para a assimilação do conteúdo.

Alguns colégios têm, ainda, implementado a monitoria online em dias e horas específicas, por componente curricular, em que os alunos ficam nessas “salas” virtuais para tirarem suas dúvidas com seus professores. Normalmente, as escolas já tinham essas monitorias presenciais, apenas a recriaram num ambiente mediado por tecnologia.

Os professores estão sendo criativos. Uns utilizam o seu aparelho de TV e projetam os slides, outros os projetores, enquanto sua imagem fica minimizada num canto superior do vídeo. Outros, ainda, usam vidros e invertem a imagem possibilitando que os alunos vejam o professor e o que está escrevendo no vidro como se fosse uma lousa. Interessante que não há um padrão, os professores são livres para utilizarem a sua melhor ferramenta, o que deixa as aulas mais interessantes e personalizadas.

Exercícios têm sido enviados e ficam disponíveis no site da escola para acesso com login. As escolas têm, assim, o registro dos acessos e os exercícios baixados.

Uma vantagem é que os professores preparam uma só aula para todas as suas turmas da mesma série. Isso é muito bom nesses tempos de estresse, visto que estaremos poupando nossos mestres enquanto esse convívio social não seja restabelecido com segurança, pois sabemos o quanto o ambiente escolar é propicio para propagação de vírus e até praga como piolhos!

Como se vê, existe, sim, a possibilidade de se usar a criatividade e a tecnologia para minorar a dor que o Brasil e todas as nações do mundo estão sofrendo, e ocupar a cabeça dos estudantes para não adoecerem de tédio, motivá-los e trazer esperança para suas mentes e corações. Provavelmente o EUA e outros países do hemisfério norte terminarão o seu ano letivo em Junho com o ensino a distância!

Dá, sim, para salvarmos o ano letivo de 2020 e não prejudicarmos o ano de 2021, principalmente agora que sabemos que a previsão da volta às aulas se dará, se tudo correr bem, somente em junho. Temos que pensar ainda que, mesmo assim, nem todos poderão voltar às aulas e precisarão continuar em casa em regime de EAD. Pelo menos isso será realidade para as crianças e adolescentes que têm doenças crônicas e não podem se expor a esse vírus.

Não podemos acabar como a UnB, que suspendeu o semestre letivo baseado nesses falsos e frágeis argumentos. Se isso é possível para estudantes da Educação Básica é possível para os do ensino superior, das IE públicas e superiores, ressalvados os cursos com aulas práticas.

Os casos omissos e especiais deverão ser tratados de forma separada. Não tem sentido prejudicar uma imensa maioria em detrimento de uma minoria. Cremos que há, sim, uma saída para mais essa crise na educação brasileira.

Luis Claudio Megiorin
Advogado - Consultor do Direito à Educação
Ex-Presidente Fundador da Associação de Pais de Alunos do DF - ASPA-DF, Ex-Presidente Fundador da Comissão de Educação da OAB-DF e Ex-Conselheiro do Conselho de Educação do Distrito Federal- CEDF  

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