PANDEMIA E ENSINO A DISTÂNCIA (EAD)
PARA ESCOLAS PÚBLICAS/PRIVADAS
Você viu alguma organização de professores fazer campanha para colocar
todos os professores das escolas públicas trabalhando a distância, com mediação
da tecnologia, em prol da educação dos seus filhos? Não viu e nem verá! Nós,
pais de alunos, precisamos lutar por esse direito para salvar o ano letivo de
2020 e não prejudicar o de 2021!
Foi a ASSOCIAÇÃO DE PAIS E ALUNOS e o SINEPE que lutaram por esse direito para os estudantes das escolas públicas e privadas, junto ao Governo/Conselho de Educação - CEDF. Acesse aqui o Parecer nº 33/2020 do CEDF (shorturl.at/uBLY5).
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Em primeiro lugar, cabe ressaltar que não estamos fazendo apologia ao
EAD. Por mais que tenhamos excelente tecnologia à nossa disposição, nada
substitui uma aula presencial e o calor humano no dia a dia que só o ambiente
escolar proporciona, principalmente nessa fase da vida dos estudantes. Entretanto,
diante dessa tragédia que estamos vivendo, o EAD é a solução ideal para
sobrevivermos alguns meses e diminuirmos o déficit de aulas para serem
repostas.
VAMOS DEIXAR O VITIMISMO À PARTE!
Ouvimos algumas críticas de pessoas dizendo que os alunos mais
vulneráveis socialmente não têm acesso ao uso de tecnologia e ficarão prejudicados!
Argumentos dos mais variados, inclusive, que professores teriam que ter aulas
para aprenderem a lecionar a distância, bem como pais orientados, algo que não
dá tempo para se fazer.
Realmente ouvimos muito os educadores falarem nas sessões do CEDF e em
outras esta frase: “é no chão da escolas que se aprende a lecionar.” Inclusive
existe um projeto de universidade para o magistério que colocarão os alunos,
desde o primeiro semestre, dentro das salas de aula, na modalidade de PBL (aprendizado
baseado em problema).
Ora, se é assim, cunhamos nossa expressão, em tempos de EAD: É nas
nuvens da internet que se aprende a dar aula a distância! Então vamos tentar
desmistificar essa questão:
Quanto aos alunos e à acessibilidade do
uso de tecnologia para EAD:
1) A imensa maioria das crianças e adolescentes usa e
abusa do uso das tecnologias, mas pra estudar não dá?
2) Dificilmente existe um estudante que não tenha à
disposição um celular com acesso à internet, próprio ou de seus pais.
3) Nossos estudantes passam horas a fio assistindo
vídeos, de somenos importância para sua formação, no youtube, por exemplo, e
são inscritos em diversos canais. Essa realidade é de fácil constatação, basta
abrirmos um perfil e veremos seus seguidores e a classe social em que estão
inseridos.
4) Boa parte de nossos estudantes tem facebook,
instagram e outras mídias. Ficam horas e horas jogando e expostos a sites
perigosos.
Resumindo, nossos alunos de todas as classes sociais estão prontos para
receberem aulas pelos mesmos canais que se divertem, basta interesse e a
cobrança e vigilância dos pais. Muitas pessoas de classes menos abastadas às
vezes mal têm o que comer, mas têm, no mínimo, um celular com internet, uma TV
e até smart TV que dá para espelhar seu celular e assistirem às aulas!
Quanto ao preparo dos professores e
pais:
1) Os professores estão preparadíssimos para ministrar
aulas a distancia. Muitos já têm contas no youtube e têm aulas gravadas e sabem
como fazer. Se não têm, estão acostumados a fazer vídeos informais;
2) Todos, professores e pais e alunos, já estão
familiarizados há anos com o uso de tecnologia!
3) Para os pais a questão não é tão complicada, basta
ter apoio da escola e professores e colocar seus filhos na rotina. Isso
certamente ajudará a prevenir depressão e tempo ocioso demais, o que traz
angústia.
4) Os pais podem também buscar orientação com pessoas e
em sites sobre a prática do homeschooling, ensino domiciliar para dicas de como
acompanhar os estudos mediados pela internet. Esses pais experientes estão
ajudando os pais de alunos até em países como os EUA, durante a pandemia.
Não há desculpa para não tirarmos proveito da EAD. Todos nós, inclusive
idosos, estamos preparados para o uso da tecnologia. Afinal de contas, estamos
em “guerra” e numa situação de pandemia, algo inesperado, não tivemos tempo
para nos preparar e nem teremos. Temos que improvisar e ajudar os estudantes da
melhor forma possível e ferramenta é o que não falta para isso.
MUITAS ESCOLAS ENROLADAS COM O EAD
É óbvio que, quando tivemos a intenção de provocar o CEDF para socorrer
o ano letivo, sabíamos dos desafios e a necessidade de um tempo bem curto para
que os professores, escolas e alunos pudessem adaptar-se a essa nova realidade.
Enquanto nas escolas públicas os professores estão de braços cruzados, estamos
observando escolas privadas, de primeira linha, batendo a cabeça com o uso da
tecnologia para ensino a distância.
As ideias são bem intencionadas, mas algumas
estão prejudicando o acesso dos alunos às aulas.
São problemas dos mais variados:
1) Obrigatoriedade de entrar no site da escola na hora
marcada. Existem formas de aferir o comparecimento do estudante às aulas sem a
necessidade de impor um horário rígido.
2) Sites que
não suportam o número de acessos simultâneos e os alunos ficam horas tentando
logar e perdem a aula ou parte da aula.
3) As escolas não estão levando em consideração que,
às vezes, a residência tem apenas um computador que é dividido entre os pais e
filhos.
4) Uso de plataformas ultrapassadas e instáveis como o
Moodle.
5) Terceirização de aulas por outros institutos de EAD
e não pelos próprios professores dos alunos.
6) Poucas aulas e às vezes apenas uma aula com duração
de 15 minutos.
7) Falta de monitoria para tirar dúvidas.
8) Falta de deveres de casa para fixar o conteúdo programático
e mecanismos para averiguação das tarefas cumpridas.
9) Excessos de direcionamentos para links de outros
sites que não da escola.
10)
Aulas
ao vivo e lives. Isso não tem sido bem aproveitado em virtude da instabilidade
da rede e, se o aluno chegar atrasado ou tiver problema com a conexão da
internet, perde a aula. Ademais, a ocorrência de instabilidade da internet e de
provedores só vai se agravar, pois com o home office, somados aos milhares de acessos
dos estudantes, haverá sobrecarga.
INICIATIVAS DE ESCOLAS QUE OS PAIS
TÊM APOIADO
Temos observado iniciativas bem sucedidas e até simples que estão
utilizando um bom tempo dos alunos com aulas ministradas e deixam pouco a
desejar com relação às aulas presenciais. Não direi o nome das escolas por
questões éticas. Os alunos estão ocupados durante a manhã toda como se
estivessem na escola, mas não têm obrigatoriedade de estarem logados todos ao
mesmo tempo. Podem assistir às aulas, que são gravadas por seus professores, a
qualquer momento.
As aulas têm a duração de 20 a 30 minutos. Você pode dizer que isso é
muito pouco! A aula deve ter duração de 50 minutos! Não é bem assim. Uma das
escolas está disponibilizando seis vídeos de aulas por dia e fez um cronograma
por disciplinas. Existem muitas escolas que, por diversos fatores, não
conseguem dar uma aula presencial de 30 minutos com qualidade!
Uma aula de 20 a 30 minutos rende cerca de 1h ou mais de visualização, pois os alunos param o vídeo o tempo todo para escreverem ou repetirem a fala do professor. Vários professores que escrevem slides e apenas a sua voz aparece explicando, e o aluno faz a anotação. Não é interessante os alunos fotografarem os slides, pois está provado que copiar, como ocorre na escola, faz toda diferença para a assimilação do conteúdo.
Alguns colégios têm, ainda, implementado a monitoria online em dias e
horas específicas, por componente curricular, em que os alunos ficam nessas “salas”
virtuais para tirarem suas dúvidas com seus professores. Normalmente, as escolas
já tinham essas monitorias presenciais, apenas a recriaram num ambiente mediado
por tecnologia.
Os professores estão sendo criativos. Uns utilizam o seu aparelho de TV
e projetam os slides, outros os projetores, enquanto sua imagem fica minimizada
num canto superior do vídeo. Outros, ainda, usam vidros e invertem a imagem possibilitando
que os alunos vejam o professor e o que está escrevendo no vidro como se fosse
uma lousa. Interessante que não há um padrão, os professores são livres para utilizarem
a sua melhor ferramenta, o que deixa as aulas mais interessantes e
personalizadas.
Exercícios têm sido enviados e ficam disponíveis no site da escola para
acesso com login. As escolas têm, assim, o registro dos acessos e os exercícios
baixados.
Uma vantagem é que os professores preparam uma só aula para todas as
suas turmas da mesma série. Isso é muito bom nesses tempos de estresse, visto
que estaremos poupando nossos mestres enquanto esse convívio social não seja
restabelecido com segurança, pois sabemos o quanto o ambiente escolar é propicio
para propagação de vírus e até praga como piolhos!
Como se vê, existe, sim, a possibilidade de se usar a criatividade e a
tecnologia para minorar a dor que o Brasil e todas as nações do mundo estão
sofrendo, e ocupar a cabeça dos estudantes para não adoecerem de tédio,
motivá-los e trazer esperança para suas mentes e corações. Provavelmente o EUA
e outros países do hemisfério norte terminarão o seu ano letivo em Junho com o
ensino a distância!
Dá, sim, para salvarmos o ano letivo de 2020 e não prejudicarmos o ano
de 2021, principalmente agora que sabemos que a previsão da volta às aulas se
dará, se tudo correr bem, somente em junho. Temos que pensar ainda que, mesmo
assim, nem todos poderão voltar às aulas e precisarão continuar em casa em
regime de EAD. Pelo menos isso será realidade para as crianças e adolescentes
que têm doenças crônicas e não podem se expor a esse vírus.
Não podemos acabar como a UnB, que suspendeu o semestre letivo baseado
nesses falsos e frágeis argumentos. Se isso é possível para estudantes da
Educação Básica é possível para os do ensino superior, das IE públicas e
superiores, ressalvados os cursos com aulas práticas.
Os casos omissos e especiais deverão ser tratados de forma separada. Não
tem sentido prejudicar uma imensa maioria em detrimento de uma minoria. Cremos
que há, sim, uma saída para mais essa crise na educação brasileira.
Luis Claudio Megiorin
Advogado - Consultor do Direito à Educação
Ex-Presidente Fundador da Associação de Pais de Alunos do DF - ASPA-DF,
Ex-Presidente Fundador da Comissão de Educação da OAB-DF e Ex-Conselheiro do
Conselho de Educação do Distrito Federal- CEDF
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